
PRF prende motorista que tentou escapar da fiscalização e transportava animais silvestres em condições degradantes na BR-153/ Foto: Divulgação PRF
Um flagrante que mistura crueldade, crime ambiental e fuga policial chocou moradores de Gurupi, no sul do Tocantins, na tarde desta terça-feira (09). Em uma abordagem de rotina na BR-153, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou 113 animais silvestres que estavam sendo levados de forma clandestina dentro de um carro de passeio.
A ocorrência teve início por volta das 17h20, quando agentes da PRF ordenaram que um veículo Renault/Duster parasse no km 694 da rodovia. O motorista, de 29 anos, não obedeceu à ordem e tentou escapar, dando início a um acompanhamento tático que terminou poucos quilômetros adiante.
Dentro do veículo, os policiais encontraram uma cena alarmante: dezenas de animais silvestres amontoados em caixas, gaiolas improvisadas e sacos, sem ventilação, comida ou água. Alguns já estavam mortos. Entre os resgatados estavam macacos-prego, araras-azuis, jandaias, papagaios, jabutis, e até um filhote de ema — muitos em estado de estresse extremo, com sinais visíveis de maus-tratos.
Sem qualquer documentação que autorizasse o transporte, o motorista foi preso em flagrante e encaminhado à Central de Flagrantes de Gurupi. Ele deve responder por crime ambiental e tráfico de animais silvestres — prática ilegal prevista na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98).
Os animais foram entregues aos cuidados de órgãos ambientais, que agora avaliam o estado de saúde de cada um para realizar o tratamento necessário e, quando possível, providenciar a reintrodução na natureza.
Segundo a PRF, casos como esse têm se tornado cada vez mais comuns no Tocantins, que vem sendo utilizado como rota estratégica para o tráfico de fauna entre o Norte, o Nordeste e o Sudeste do país.
A localização geográfica do estado, somada à presença de áreas de floresta e cerrado, torna o Tocantins um ponto de escoamento do tráfico de animais silvestres — um comércio ilegal que movimenta bilhões e tem impactos profundos na biodiversidade brasileira.
A apreensão desta terça-feira integra as ações do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (Plano AMAS), iniciativa do governo federal que visa combater crimes ambientais e o crime organizado na Amazônia Legal. Desde o lançamento do plano, a PRF tem intensificado fiscalizações e ações integradas no estado.
Além dos impactos à biodiversidade, o tráfico de animais representa uma grave violação ao bem-estar animal. As vítimas são submetidas a condições cruéis de transporte e armazenamento, e muitas não sobrevivem à jornada.
A PRF reforça que denúncias anônimas ajudam a combater esse tipo de crime. A população pode contribuir por meio dos canais oficiais da corporação ou do IBAMA.
Denunciar é proteger a vida.
Se você presenciar qualquer situação de tráfico ou maus-tratos a animais silvestres, denuncie. A natureza agradece.
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